Liberdade de Informação: e o direito que os cidadãos têm de ser informado de tudo que se relaciona com a vida do Estado, e que, por conseguinte é de seu peculiar interesse. Esse direito de informação faz parte da essência da democracia. Integra-o a liberdade de imprensa e o direito de ser informado. Artigo 5º inciso XXXIII, da Constituição Federal. Prof. Franscisco Bruno Neto.

22 de maio de 2011

Você, amigo de si mesmo

Abrão Slavutzky*


De vez em quando, convém parar e perguntar: estamos nos tratando bem?

Acertar a relação consigo mesmo implica aceitar-se, e este é o maior desafio da existência. A tarefa não é fácil pois todos temos conflitos, sintomas e angústias. Menos mal, quando todo este caldeirão pulsional de intensos desejos se manifesta através dos pesadelos, que são formas de aliviar as culpas e as dívidas imaginárias. Despertamos angustiados, mas tudo não passou de um sonho. O terrível é quando ocorre a passagem aos atos auto-destrutivos, que revelam a fragilidade do desamparo.

O desamparo faz parte do cotidiano da psicanálise. Ele é mais intenso nos que se sentem perdedores no competitivo jogo da vida. Um dos caminhos para enfrentá-lo é o masoquismo, no qual quem sofre tem na submissão seu frágil amparo. Então ocorrem os mal tratos, e nem toda a bibliografia de auto-ajuda pode ser útil. Quando tudo isso se apresenta como um obstáculo incontornável, ainda se pode contar com os tratamentos psi, que, se não curam (o que é mesmo a cura?), pelo menos ajudam. Felizmente, há os que conseguem sair da passividade da dor e buscam caminhos criativos, deixando assim de serem sofredores crônicos. Há quem se salve dessa situação porque aprende que vale a pena se associar, casar, estabelecer amizades. Tudo isso é fácil de escrever, mas uma odisséia para atingir.

Sempre é tempo de metamorfose. O importante é não desperdiçar os momentos de liberdade, gozar o entusiasmo de uma mesa compartida, uma caminhada entre árvores, a alegria de um abraço. Tudo pode começar pela diminuição das queixas e pelo aumento da gratidão a todo o trigo que recebemos. Pare de olhar com lente de aumento o joio inevitável que vem junto. Convém não desanimar e ser persistente na busca de como ser amigo de si mesmo. Pois esta aventura vale a pena – uma aventura mais excitante do que conquistar o Everest.


*Psicanalista


Publicado no jornal Zero Hora, 14/05/2011, caderno Vida, página 2.


Livros publicados pelo autor, aqui.

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