Liberdade de Informação: e o direito que os cidadãos têm de ser informado de tudo que se relaciona com a vida do Estado, e que, por conseguinte é de seu peculiar interesse. Esse direito de informação faz parte da essência da democracia. Integra-o a liberdade de imprensa e o direito de ser informado. Artigo 5º inciso XXXIII, da Constituição Federal. Prof. Franscisco Bruno Neto.

11 de agosto de 2010

OS DEZ MAIS DA ANISTIA

Esta eu li na coluna do Augusto Nunes, aqui. Relaçao das dez maiores indenizações dos anistiados políticos. Pode até ser legal, mas com certeza é imoral, dado que seus beneficiários se autoproclamam defensores dos pobres e oprimidos desdentados do Brasil.



José Carlos Arouca, primeiro no ranking dos anistiados

Bruno Abbud


O ranking dos 10 mais da lista dos anistiados políticos soma R$ 25.439.875,94 em indenizações. A quantia é suficiente para instalar 26 mil computadores em escolas públicas, equipar 31 hospitais com aparelhos de tomografia e distribuir exemplares do livro ‘Técnicas de interrogatório sem violência’ entre 392 mil militares. As cifras aparecem na folha de pagamento do Ministério do Planejamento. A identificação dos beneficiários exige uma demorada busca na coleção do Diário Oficial da União.

Todas as indenizações foram aprovadas pela Comissão de Anistia, mas nenhum integrante do ranking recebeu integralmente o dinheiro pago em parcelas. Enquanto esperam, recebem pontualmente as pensões mensais fixadas na mesma decisão que calculou o valor da indenização. O n° 1 da lista, José Carlos Arouca, não sabe quando poderá dispor dos R$ 2,9 milhões que lhe valeram a condição de recordista. Mas os R$ 15,6 mil da pensão mensal têm sido regularmente depositados em sua conta bancária.

Aos 75 anos, instalado na banca de advogado perto do centro paulistano, Arouca foi aprovado em 1° lugar num concurso para juiz do Trabalho em 1965. Ele se inscrevera para garantir a sobrevivência financeira ameaçada pela suspensão, decorrente de pressões do governo militar, da assistência jurídica que prestava a vários sindicatos. Não só foi impedido de assumir o cargo de juiz como se viu processado com base na Lei de Segurança Nacional e passou algumas semanas na prisão.

“Eu era filiado ao Partidão”, conta em tom orgulhoso, chamando pelo apelido carinhoso o velho Partido Comunista Brasileiro. “Tinha uma militância política muito intensa junto aos sindicatos”. Em 1999, 20 anos depois da anistia, o resultado do concurso foi formalmente reconhecido e Arouca se tornou juiz do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Aposentou-se em 2005 e, no mesmo ano, foi contemplado com a indenização milionária.

A voz parece menos afirmativa quando a conversa trata do dinheiro. “Eu tenho uma porção de opiniões, mas algumas não estão valendo nada no momento”, esquiva-se o ex-juiz, que se nega a confirmar o tamanho da pensão mensal. “Acho que o meu caso está de acordo, está na lei”, diz. “Eles não podiam dar nem mais nem menos”.

Terceiro do ranking, Paulo Cannabrava Filho conseguiu R$ 2,7 milhões, além da pensão de 15.754,80 por mês. Presidente da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual dos Jornalistas Profissionais, Cannabrava recebe o equivalente ao salário médio de um editor. Procurado por VEJA.com, exigiu que a pergunta fosse feita por e-mail. Atendida a exigência, respondeu com admirável concisão: “A VEJA digo: nada a declarar. Assunto encerrado”. Os beneficiários das boladas gostariam que o assunto fosse sepultado para sempre. Os brasileiros que pagam a conta discordam.

O quarto da lista, Renato Leone Mohor, também premiado com R$ 2,7 milhões, teve a reparação equiparada ao salário médio de um chefe de redação: R$ 15,3 mil. Encerrou o telefonema ao saber que conversava com um repórter de VEJA.com. “Este número é confidencial e não vou te atender, amigo”.

Décimo do ranking, o jornalista e ex-deputado federal Hermano de Deus Nobre Alves não viveu para receber integralmente a indenização de R$ 2,1 milhões. Em julho, aos 86 anos, morreu em Lisboa, onde morava desde 1991. Segundo as regras da anistia, o direito à reparação não é transferível para algum herdeiro.

Entre os relatores, o campeão da generosidade com dinheiro alheio é o advogado Márcio Gontijo. Seis dos 10 nomes entraram no ranking graças ao parecer favorável do conselheiro perdulário. “Eu sou o conselheiro mais antigo da Comissão, muitos processos já passaram pelas minhas mãos”, desconversa Gontijo. E quais foram os critérios que ampararam a gastança? “Eu me baseio na lei”, acredita. Ninguém sabe exatamente a que lei se refere.


1) José Carlos da Silva Arouca

Indenização: R$ 2.978.185,15

Pensão mensal: R$ 15.652,69.

Relator: Márcio Gontijo


2) Antonieta Vieira dos Santos

Indenização: R$ 2.958.589,08

Pensão mensal: R$ 15.135,65.

Relator: Sueli Aparecida Bellato



3) Paulo Cannabrava Filho

Indenização: R$ 2.770.219,00

Pensão mensal: R$ 15.754,80.

Relator: Márcio Gontijo



4) Renato Leone Mohor

Indenização: R$ 2.713.540,08

Pensão mensal: R$ 15.361,11.

Relator: Hegler José Horta Barbosa



5) Osvaldo Alves

Indenização: R$ 2.672.050,48.

Pensão mensal: R$ 18.095,15.

Relator: Márcio Gontijo



6) José Caetano Lavorato Alves

Indenização: R$ 2.541.693,65

Pensão mensal: R$ 18.976,31.

Relator: Márcio Gontijo



7) Márcio Kleber Del Rio Chagas do Nascimento

Indenização: R$ 2.238.726,71

Pensão mensal: R$ 19.115,17.

Relator: Márcio Gontijo



8 ) José Augusto de Godoy

Indenização: R$ 2.227.120,46

Pensão mensal: R$ 12.454,77.

Relator: Sueli Aparecida Bellato



9) Fernando Pereira Christino

Indenização: R$ 2.178.956,71

Pensão mensal: R$ 19.115,19.

Relator: Márcio Gontijo


10) Hermano de Deus Nobre Alves

Indenização: R$ 2.160.794,62

Pensão mensal: R$ 14.777,50.

Relator: Vanda Davi Fernandes de Oliveira

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