Leia abaixo, parte da entrevista de Roberto Abdenur, que foi embaixador do Brasil em Washington no primeiro mandato de Lula, nas Páginas Amarelas da VEJA desta semana.
Revista Veja 08/09/2010.
Por Diogo Schelp:“Aceita um copo d’água. um café ou, quem sabe, um pouco do caviar que me envia sempre um certo amigo iraniano?”, oferece Roberto Abdenur, de 68 anos, ao receber a reportagem de VEJA em seu agradável apartamento no Rio de Janeiro, No humor característico dos diplomatas, a referência ao caviar é apenas uma ironia sobre um dos temas que deixam estupefatos especialistas em política externa, a estreita relação do governo brasileiro com o regime do iraniano Mahmoud Ahmadinejad. As ambições nucleares e a violação assumida de direitos humanos, como o apedrejamento de mulheres por adultério, fizeram do Irã um pária internacional. Com seus 44 anos de carreira diplomática, três deles como embaixador em Washington durante o primeiro mandato do presidente Lula, Abdenur é uma das pessoas mais habilitadas para avaliar o Brasil no quadro diplomático mundial. Na entrevista a seguir, ele demonstra o seu assombro diante da maneira como os preconceitos ideológicos e o gosto de Lula por um palanque prejudicaram a imagem do Brasil no exterior.
(...)
Como o senhor avalia as relações do governo brasileiro com o presidente venezuelano Hugo Chávez?
Roberto Abdenur - É uma aberração diplomática. O Brasil é condescendente com Chávez. com Evo Morales, da Bolívia, e com Rafael Corrêa, do Equador, apenas por representarem regimes identificados como de esquerda. Isso é um erro. Porque não existe política externa de esquerda. A diplomacia tem de refletir os interesses do estado, não de um partido. O governo brasileiro é ativamente solidário e conivente com Chávez, um líder que está em etapa adiantada na consolidação de uma ditadura. A Venezuela ainda não é Cuba, mas está se cubanizando. Chegou a ser risível quando lula disse que lá há um "excesso de democracia". Seu entusiasmo chegou ao ponto de incentivar financiamentos com dinheiro dos contribuintes brasileiros na Venezuela e de tentar colocar o pais como membro pleno do Mercosul. Como a Venezuela de Cháves, que é contra a democracia e o livre-comércio, pode ser parte do Mercosul? Eis por que democracia e direitos humanos não são simplesmente valores abstratos. Eles devem ser defendidos porque tem impacto sobre questões muito concretas, como o comércio , a segurança regional, os ataques contra os interesses de empresas brasileiras e o narcotráfico.
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Leia como ficou esta parte da entrevista em cliping publicado no site do Itamaraty. Tente encontrar o trecho em azul acima no texto em vermelho abaixo.
Como o senhor avalia as relações do governo brasileiro com o presidente venezuelano Hugo Chávez?
Roberto Abdenur - É uma aberração diplomática. O Brasil é condescendente com Chávez, com Evo MoraIes, da Bolívia, e com Rafael Correa, do Equador, apenas por representarem regimes identificados com o de esquerda. Isso é um erro, porque não existe política externa de esquerda. A diplomacia tem de refletir os interesses do estado. não de um partido. O governo brasileiro é ativamente solidário e conivente com Chávez, um líder que está em etapa internas da Venezuela. que enfrenta uma crise de desabastecimento e não pode se dar ao luxo de cortar os laços comerciais com a Colômbia.
Não sei se foi proposital, mas o corte abrange mais ou menos a metade do trecho acima e termina com a última frase da resposta a pergunta seguinte, abaixo.
Na minha opinião, o embaixador Roberto Abdenur classifica o país Cubano de ditadura e afirma que a Venezuela está em etapa avançada rumo a uma ditadura, em processo de cubanização, e isto o Itamaraty não pode admitir, nem dar vazão.
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Mais um trecho da entrevista na Veja.
Quais são os sinais da conivência com Chávez?
Roberto Abdenur - A excessiva identificação com Chávez fez com que, desde cedo, faltasse equilibrio na postura brasileira em relação à Colômbia e à Venezuela. Isso ficou claro em julho passado, quando Chávez rompeu com o país vizinho[porque o então presidente colombiano Álvaro Uribe denunciou que a Venezuela da guarida às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)]. Chávez foi pego com a mão na massa, mas o Brasil fez pouco-caso do fato de as Farc estarem gostosamente instaladas em território venezuelano. Em nenhum momento o Brasil levantou a voz contra o que foi na realidade em embargo de Chávez contra a Colômbia, proibindo importações daquele país. Se a política externa brasileira fosse ditada por interesses de longo prazo do estado, da nação, e não por preferências ideológicas, pessoais, deveria ter havido desde cedo mais equilíbrio no trato com os dois países. O resultado, melancólico, é que o Brasil perdeu a credencial para ser um mediador daquele conflito(leia post publicado neste blog). O Itamaraty e os conselheiros de Lula tentam insinuar que o presidente ajudou os dois países a reatar. E até que é possível que o presidente tenha aconselhado a Chávez a moderar suas atitudes. Mas o que fez diferença, mesmo, foram as questões internas da Venezuela, que enfrenta uma crise de desabastecimento e não pode se dar ao luxo de cortar os laços comerciais com a Colômbia.
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Leia a íntegra desta entrevista nas páginas amarelas da revista VEJA , edição 2181 - ano 43 - nro. 36 de 08/09/201.
Um comentário:
Olá , adorei o seu blog ...
Continua ....
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