Liberdade de Informação: e o direito que os cidadãos têm de ser informado de tudo que se relaciona com a vida do Estado, e que, por conseguinte é de seu peculiar interesse. Esse direito de informação faz parte da essência da democracia. Integra-o a liberdade de imprensa e o direito de ser informado. Artigo 5º inciso XXXIII, da Constituição Federal. Prof. Franscisco Bruno Neto.

6 de setembro de 2010

DIPLOMACIA DE PALANQUE

Leia abaixo, parte da entrevista de Roberto Abdenur, que foi embaixador do Brasil em Washington no primeiro mandato de Lula, nas Páginas Amarelas da VEJA desta semana.

Revista Veja 08/09/2010.
Por Diogo Schelp:


“Aceita um copo d’água. um café ou, quem sabe, um pouco do caviar que me envia sempre um certo amigo iraniano?”, oferece Roberto Abdenur, de 68 anos, ao receber a reportagem de VEJA em seu agradável apartamento no Rio de Janeiro, No humor característico dos diplomatas, a referência ao caviar é apenas uma ironia sobre um dos temas que deixam estupefatos especialistas em política externa, a estreita relação do governo brasileiro com o regime do iraniano Mahmoud Ahmadinejad. As ambições nucleares e a violação assumida de direitos humanos, como o apedrejamento de mulheres por adultério, fizeram do Irã um pária internacional. Com seus 44 anos de carreira diplomática, três deles como embaixador em Washington durante o primeiro mandato do presidente Lula, Abdenur é uma das pessoas mais habilitadas para avaliar o Brasil no quadro diplomático mundial. Na entrevista a seguir, ele demonstra o seu assombro diante da maneira como os preconceitos ideológicos e o gosto de Lula por um palanque prejudicaram a imagem do Brasil no exterior.

(...)
Como o senhor avalia as relações do governo brasileiro com o presidente venezuelano Hugo Chávez?

Roberto Abdenur - É uma aberração diplomática. O Brasil é condescendente com Chávez. com Evo Morales, da Bolívia, e com Rafael Corrêa, do Equador, apenas por representarem regimes identificados como de esquerda. Isso é um erro. Porque não existe política externa de esquerda. A diplomacia tem de refletir os interesses do estado, não de um partido. O governo brasileiro é ativamente solidário e conivente com Chávez, um líder que está em etapa adiantada na consolidação de uma ditadura. A Venezuela ainda não é Cuba, mas está se cubanizando. Chegou a ser risível quando lula disse que lá há um "excesso de democracia". Seu entusiasmo chegou ao ponto de incentivar financiamentos com dinheiro dos contribuintes brasileiros na Venezuela e de tentar colocar o pais como membro pleno do Mercosul. Como a Venezuela de Cháves, que é contra a democracia e o livre-comércio, pode ser parte do Mercosul? Eis por que democracia e direitos humanos não são simplesmente valores abstratos. Eles devem ser defendidos porque tem impacto sobre questões muito concretas, como o comércio , a segurança regional, os ataques contra os interesses de empresas brasileiras e o narcotráfico.
 
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Leia como ficou esta parte da entrevista em cliping publicado no site do Itamaraty. Tente encontrar o trecho em azul acima no texto em vermelho abaixo.
 
Como o senhor avalia as relações do governo brasileiro com o presidente venezuelano Hugo Chávez?

Roberto Abdenur - É uma aberração diplomática. O Brasil é condescendente com Chávez, com Evo MoraIes, da Bolívia, e com Rafael Correa, do Equador, apenas por representarem regimes identificados com o de esquerda. Isso é um erro, porque não existe política externa de esquerda. A diplomacia tem de refletir os interesses do estado. não de um partido. O governo brasileiro é ativamente solidário e conivente com Chávez, um líder que está em etapa internas da Venezuela. que enfrenta uma crise de desabastecimento e não pode se dar ao luxo de cortar os laços comerciais com a Colômbia.

Não sei se foi proposital, mas o corte abrange mais ou menos a metade do trecho acima e termina com a última frase da resposta a pergunta  seguinte, abaixo.

Na minha opinião, o embaixador Roberto Abdenur classifica o país Cubano de ditadura e afirma que a Venezuela está em etapa avançada rumo a uma ditadura, em processo de cubanização, e isto o Itamaraty não pode admitir, nem dar vazão.

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Mais um trecho da entrevista na Veja.
 
Quais são os sinais da conivência com Chávez?
 
Roberto Abdenur - A excessiva identificação com Chávez fez com que, desde cedo, faltasse equilibrio na postura brasileira em relação à Colômbia e à Venezuela. Isso ficou claro em julho passado, quando Chávez rompeu com o país vizinho[porque o então presidente colombiano Álvaro Uribe denunciou que a Venezuela da guarida às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)]. Chávez foi pego com a mão na massa, mas o Brasil fez pouco-caso do fato de as Farc estarem gostosamente instaladas em território venezuelano. Em nenhum momento o Brasil levantou a voz contra o que foi na realidade em embargo de Chávez contra a Colômbia, proibindo importações daquele país. Se a política externa brasileira fosse ditada por interesses de longo prazo do estado, da nação, e não por preferências ideológicas, pessoais, deveria ter havido desde cedo mais equilíbrio no trato com os dois países. O resultado, melancólico, é que o Brasil perdeu a credencial para ser um mediador daquele conflito(leia post publicado neste blog). O Itamaraty e os conselheiros de Lula tentam insinuar que o presidente ajudou os dois países a reatar. E até que é possível que o presidente tenha aconselhado a Chávez a moderar suas atitudes. Mas o que fez diferença, mesmo, foram as questões internas da Venezuela, que enfrenta uma crise de desabastecimento e não pode se dar ao luxo de cortar os laços comerciais com a Colômbia.
(...)
 
Leia a íntegra desta entrevista nas páginas amarelas da revista VEJA , edição 2181 - ano 43 - nro. 36 de 08/09/201.

Um comentário:

Pedro Castro disse...

Olá , adorei o seu blog ...
Continua ....