Não dá para afirmar, mas tudo indica que os clichês da esquerda disseminados no Brasil pelos arautos do PT e assemelhados, ao longo das ultimas cinco eleições, encontraram seu ponto de esgotamento. Pegos de surpresa pela vontade soberana do eleitor que resolveu levar a eleição para o segundo turno, os coordenadores da campanha de Dilma ressucitaram no horário eleitoral, a falácia das privatizações, e utilizando a mentira como método, acusaram que, se eleito, Serra vai "privatizar o pre-sal" .Os eleitores, sem maiores explicações, devem continuar entendendo que isto será muito ruim para o país.
O PT, Lula e Dilma, deveriam utilizar o horário eleitoral para explicar aos brasileiros que aquilo que foi comprovadamente bom para o cidadão e para o pais, uma vez que nada foi desprivatizado, na verdade defendida pelo partido, é ruim.
Na eleição de 2006 Geraldo Alckmin foi alvejado mortalmente pela mentira de duplo sentido. A primeira mentira: se eleito, vai promover um festival de privatizações; a segunda: isto é ruim para o cidadão e para país.
A matéria abaixo é de 2006, mas o PT a tornou tão atual, mas tão atual que nas últimas linhas do artigo, substituindo Alckmin por Serra e Lula por Dilma temos: "Em vez de xingar Serra de privatista, Dilma deveria tentar explicar aos eleitores por que a privatização é um mal. Conseguiria convencer? "
Segue a matéria.
PRIVATIZAÇÃO - UM BEM OU UM MAL
texto da jornalista Suely Caldas
Caderno Economia, Estadão, 22/10/2006
No agressivo vale-tudo por voto e poder em que se transformou esta campanha eleitoral, um dos dois candidatos vai levar a Presidência, mas não ganha, começa a perder no dia em que tomar posse e, pior, arrasta junto a população. Um mês de tiroteio eleitoral predatório é capaz de destruir valores, conceitos e conquistas que custaram tempo e muito esforço para serem construídos. É nesse campo que se encaixam os ataques de Lula e do PT à privatização. Por puro oportunismo eleitoral, eles reacenderam uma questão que a sociedade passou a entender e a aceitar e cujo equacionamento é fundamental para promover desenvolvimento, crescimento econômico, emprego e renda.
Quando Lula acusa Alckmin de intenção (desmentido pelo tucano) de privatizar o Banco do Brasil, a Petrobrás e outras estatais, na verdade ele está passando a idéia de que toda atividade econômica privada deve ser condenada e, pior, sem substituir por rigorosamente nada,dado que, em quase 4 anos de governo,Lula não fez investimentos públicos voltados para o progresse econômico e para o bem comum dos brasileiros,porque preferiram usar o dinheiro do Estado em gastos cotidianos, muitos desnecessários.
A privatização de estatais deixou de ser uma questão ideológica há mais de 20 anos, com a superação do comunismo nos países do Leste Europeu, simbolizada pela queda do Muro de Berlim e descrita com magnífica sensibilidade e arte no filme "Adeus, Lenin!". Nesses países, Rússia sobretudo, as estatais foram vendidas por muito pouco dinheiro e em ritmo acelerado,determinado pela necessidade política de mudanças.
Na América Latina e no Brasil a privatização cedeu em razão da falência do Estado, que passou a sugar recursos das estatais, a impedir novos investimentos e a obstruir o crescimento da economia. Foi uma solução pragmática dirigida a financiar o desenvolvimento, mas vista com conteúdo político pelos mais conservadores, ainda impregnados pelo paternalismo estatal da era Vargas. Não é à toa que os sindicalistas, herdeiros diretos do Estado Novo de Vargas, se armaram de paus e pedras em protesto contra o leilão da Cia. Vale do Rio Doce.
Mas aonde chegou a privatização bem sucedida. Nas telecomunicações, não só modernizou tecnológicamente o setor e fez do telefone um bem barato e acessível à população de baixa renda, como teve o mérito de eliminar cerca de 500 cargos públicos (entre conselheiros, diretores, superintendentes das 27 teles), que seriam alvo de loteamento entre partidos e prejuízo para o patrimônio público se as empresas permanecessem estatais. Depois de privatizada, a Vale recolheu mais em impostos para o governo que em dividendos quando era estatal, mais do que duplicou seu valoe de mercado, expandiu largamente a produção no Brasil e no exterior, gerou milhares de empregos e foi a primeira empresa brasileira a obter a classificação de grau de investimento.
A privatização fracassou no setor de energia elétrica porque ficou restrita ao segmento da distribuição, sem chegar à geração de nergia, em decorrência de interfências políticas regionais e gestões vacilantes do PFL no ministério de Minas e Energia do governo passado. Se Eletrobrás, Furnas, Eletronorte e CHESF fossem vendidas ao setor privado, não faltariam recursos para investimentos em geração de energia nova e não estaríamos hoje sob a ameaça de um novo apagão em 2009.
Não há razão para privatizar a Petrobrás, hoje uma empresa pública de capital pulverizado, com quase 500 mil acionistas. Seu resultado financeiro tem gerado dividendos valiosos ao Tesouro e aos brasileiros. Já o Correio, não há nenhum motivo para mantê-lo estatal, com cargos loteados entre partidos políticos e dirigentes flagrados recebendo propina, como o correu no ano passado.
O governo Lula não privatizou, não licitou estradas, e afastou investidores privados em infra-estrutura. Instituiu as parcerias público-privadas, as famosas PPP's, que não decolaram paralisadas pela inoperância e incompetência de gestão do governo. O desastrado resultado resultado foi a medíocre taxa de novos investimentos, já que o Estado não substituiu a iniciativa privada. Em vez de xingar Alckmin de privatista, Lula deveria tentar explicar aos eleitores por que a privatização é um mal. Conseguiria convencer?
Fonte: http://www.lucianopires.com.br/idealbb/view.asp?topicID=2521
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