Liberdade de Informação: e o direito que os cidadãos têm de ser informado de tudo que se relaciona com a vida do Estado, e que, por conseguinte é de seu peculiar interesse. Esse direito de informação faz parte da essência da democracia. Integra-o a liberdade de imprensa e o direito de ser informado. Artigo 5º inciso XXXIII, da Constituição Federal. Prof. Franscisco Bruno Neto.

7 de outubro de 2010

GUAÍBA-RS - PT MANDA A FORD EMBORA E É PREMIADO COM A PREFERÊNCIA DO ELEITOR GAÚCHO E GUAIBENSE

Nélson Cornetet chorou em vão
Quem pode explicar esse caso de amnésia e hipnose coletiva que acometeu a maioria dos eleitores do município de Guaíba, cidade situada na região metropolitana da Grande Porto Alegre, RS?  Nem Freud explica. Seria natural que o PT, partido que decretou o atraso e a miséria dos moradores de Guaíba quando afugentou a FORD e mais de 800 empresas no episódio que eu denominava "A MALDADE SEM PERDÃO", fizesse uma votação pífia.

Como foi possível esquecer a imagem do prefeito estampada em jornais do Brasil inteiro, chorando copiosamente apos receber a notícia de que a Ford desistira de sediar o projeto no município?. "Só fiquei mais triste quando perdi um filho de 18 anos num acidente", diz Cornetet. "Enquanto eu viver, o PT terá em mim um inimigo."

Pois não é que eu estava enganado, "A MALDADE SEM PERDÃO", tem perdão. O prefeito morreu e os guaibenses esqueceram e perdoaram. Como prova deram a maior votação para os candidatos do PT, a vanguarda do atraso.

Resultado da votação Eleição 2010, 1 turno.

Presidente
Pos. Candidato                 Partido Votação
1 DILMA VANA ROUSSEFF 13 PT     23342
2 JOSÉ SERRA                   45 PSDB 22778
3 *MARINA SILVA               43 PV       8777

*MARIA OSMARINA MARINA DA SILVA VAZ DE LIMA

Governador
Pos. Candidato                               Partido Votação
1 TARSO FERNANDO HERZ GENRO 13 PT      26714
2 JOSÉ ALBERTO FOGAÇA DE M.   15 PMDB  14085
3 YEDA RORATO CRUSIUS              45 PSDB   11923

Só para  refrescar a memória, segue matéria publicada no calor dos acontecimentos.

O exterminador do futuro

Enxotada pelo radicalismo do governador Olívio Dutra, a Ford desistiu de sua fábrica gaúcha. Tradução: milhares de empregos e novos negócios perdidos

Revista EXAME 
Por Suzana Naiditch
19.04.1999

Nélson Cornetet, prefeito de Guaíba, cidade de 100 000 habitantes às margens do rio que leva o mesmo nome, a 30 quilômetros de Porto Alegre, sonhava tornar-se conhecido, e à sua cidade, em todo o país. Nas últimas semanas, Guaíba e seu prefeito saíram do anonimato. Mas não da maneira almejada. Ao contrário. A cidade ganhou notoriedade por perder o projeto de 1,1 bilhão de reais para a instalação da mais moderna fábrica já projetada pela segunda maior montadora de automóveis do mundo, a Ford. O prefeito teve sua fotografia estampada em jornais do Brasil inteiro porque chorou copiosamente quando recebeu a notícia de que a Ford desistira de sediar o projeto no município. "Só fiquei mais triste quando perdi um filho de 18 anos num acidente", diz Cornetet. "Enquanto eu viver, o PT terá em mim um inimigo."

O prefeito, eleito pelo PTB, não verteu lágrimas sozinho. A população de Guaíba também vestiu luto, fechou o comércio e chorou com ele, quando o presidente da Ford, Ivan Fonseca e Silva, esteve na cidade, no dia 29 de abril, para se despedir e agradecer o apoio recebido. Eram pessoas que apostaram na possibilidade de melhorar de vida. Trabalhadores que poderiam conseguir um emprego qualificado. Pequenos comerciantes que expandiram suas lojas. Investidores que abriram loteamentos, projetaram hotéis, shoppings, flats, condomínios. Gente que sonhou em ver Guaíba transformada numa nova Betim, a cidade mineira que há mais de 20 anos recebeu a Fiat (veja o quadro na pág. 30) e hoje sedia o segundo pólo automobilístico do país.

Os casos de frustrações pela perda de uma das pernas do pólo automobilístico gaúcho, reduzido agora à General Motors, com seu projeto Blue Macaw (Arara Azul), se multiplicam. Eis alguns deles:

Luis Cláudio Carvalho, dono da imobiliária Rústica Casa Nova, em Guaíba, está em estado de choque. Não dorme direito, chora. Carvalho foi um dos habitantes de Guaíba que sonharam e investiram alto. O sonho acabou e levou com ele um carro, imóveis e toda sua poupança. Ele aplicou 100 000 reais na imobiliária. Reformou uma casa ampla para poder atender melhor os clientes que começaram a chegar em grande número. Carvalho pretendia vender 220 lotes para moradias de classe média baixa para os funcionários da Ford. "Estou desesperado, em pânico mesmo. Tenho 50 anos, três filhos na faculdade. Era a chance da minha vida", diz Carvalho. " É como se tivesse passado um furacão na cidade."

O técnico em edificações Solon Barreto, vereador pelo PFL em Guaíba, é dono de uma área localizada em frente ao terreno da Ford há 16 anos. "Quando anunciaram que a montadora se instalaria bem ali na frente, eu pensei: choveu na minha horta", diz Barreto. Imediatamente ele iniciou um projeto para construir ali uma espécie de shopping esportivo, com ginásio, oito pistas de boliche, churrasqueiras e restaurante. Barreto encomendou um pavilhão e pagou adiantado 68 000 reais pelos pré-moldados que seriam utilizados na construção. "Agora não tem volta. Estou com o material lá e tenho de terminar. Vou gastar mais 100 000 reais", diz Barreto. "Eu tenho de cumprir minhas obrigações, coisa que o governador Olívio Dutra pensa que não precisa fazer."

Um grupo de empresários da cidade havia feito parceria com o grupo catarinense Le Canard para construir um hotel de 3 milhões de reais que iria gerar 25 empregos diretos e 75 indiretos. O consórcio chegou a gastar 350 000 reais.

Para esses empreendedores, a decisão representou um duro golpe em seus planos de prosperar, ganhar dinheiro. Não são menores as conseqüências para Guaíba. Segundo um estudo feito pelo Sebrae gaúcho, o projeto Amazon, nome de guerra da fábrica da Ford, de onde sairiam anualmente 150 000 automóveis, propiciaria a criação de mais de 500 novas micro e pequenas empresas até 2004 na cidade. Somados aos 3 000 empregos diretos criados pela fábrica e seus 16 fornecedores de primeiro nível, esses empreendimentos gerariam 15 000 novos postos de trabalho. Numa perspectiva mais ampla, o estrago não é menor. Segundo o mesmo estudo, a não concretização do investimento vai significar para o Rio Grande do Sul a perda de 2,2 bilhões de dólares por ano. Isso representaria um aumento de 3,5% em seu PIB, que bateu na casa de 63,7 bilhões de dólares em 1997. Em nível estadual, a perda de empregos é enorme. De acordo com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, 100 000 novas oportunidades que deixarão de ser criadas com a debandada da Ford.

Não é pouco para um estado que já chegou a ocupar o terceiro lugar entre as principais economias do país até o começo dos anos 70. Essa posição, aliás, foi perdida para Minas Gerais no começo da década de 80 - coincidentemente poucos anos após a implantação da Fiat, em Betim. Mais desolador ainda: no dia seguinte ao anúncio da desistência da montadora, foram divulgados os números do desemprego na região metropolitana de Porto Alegre, que inclui a cidade de Guaíba. Segundo o estudo, assinado por entidades como a Fundação de Economia e Estatística e o DIEESE, o desemprego atingiu em abril a taxa recorde de l8,6% da população economicamente ativa. Isso quer dizer que a região metropolitana abriga 311 000 dos 500 000 gaúchos atualmente sem emprego.

Não por acaso, a perda da Ford é um assunto que vem monopolizando as rodas de conversas dos gaúchos nas últimas semanas. Num estado acostumado à bipolarização em quase tudo, da política ao futebol (a rivalidade entre Grêmio e Inter está aí mesmo para confirmar), existe desta vez uma convergência esmagadora em favor da Ford. Uma pesquisa feita no final de abril pela Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS) constatou que 69,3% dos moradores da Grande Porto Alegre eram favoráveis ao cumprimento dos contratos não só com a Ford como também com a GM. E mais: 79,5% dos entrevistados acreditavam que a vida dos gaúchos iria melhorar com os projetos das duas empresas. O desencanto com a atuação de Dutra se traduz também na avaliação dos seus 100 primeiros dias de governo. Em condições normais de temperatura, trata-se de um período de lua-de-mel do governante recém-eleito com a população e costuma ser traduzido em índices elevados de aprovação. Não é o que acontece nos pampas: instados a conceder notas de 0 a 10, os gaúchos aplicaram 5,6 a Dutra.

As manifestações de descontentamento ganharam as ruas. Adesivos com frases alusivas à desistência da Ford começaram a aparecer nos vidros dos automóveis. Num deles, o governador Olívio Dutra está sentado em uma moto, vestindo uma jaqueta de couro preta. Embaixo se lê: O Exterminador do Futuro. Entre o empresariado local o desgaste de Dutra foi praticamente total. "A perda da Ford é inaceitável", diz o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau. "O governo tinha de pagar e ainda pedir desculpas." Para Gerdau, o governo agiu com miopia. "Há 20 anos, Minas Gerais investiu 350 milhões de reais para levar a Fiat", diz. "Quanto vale hoje? Alguns bilhões."

O filme queimou não apenas internamente. Num momento em que no mundo inteiro - dos Estados Unidos à Tanzânia, passando por Portugal e China - há uma disputa feroz por investimentos e empregos, a postura do atual governador gaúcho de descumprir compromissos acertados por seu antecessor causou estupor também lá fora. O economista americano Robert Barro, que esteve no estado há poucas semanas como palestrante do Fórum da Liberdade (veja entrevista na pág. 34) disse ter ficado estarrecido. Primeiro porque não entende como pode um governo não cumprir um contrato que foi assinado. "Voltar atrás com a palavra pode afetar futuras negociações desse governo", diz Barro. O que mais lhe causou perplexidade, porém, foi descobrir que o estado juntou-se à Coréia do Norte e Cuba como uma das poucas economias marxistas remanescentes no mundo. "O governador Olívio Dutra é até um sósia perfeito do Stalin", escreveu ele em sua coluna na revista Business Week. "Seu programa econômico parece ter sido inspirado na União Soviética dos anos 50."

Pode parecer um exagero, mas de certa forma a constatação de Barro é referendada por Ivan Fonseca e Silva, presidente da Ford. Fonseca e Silva descarta as alegações do governador gaúcho de que o estado não teria condições de bancar os 460 milhões de reais prometidos ao projeto da Ford. "O problema é ideológico, não de alocação de recursos", diz Fonseca e Silva. "O comprometimento com projetos de porte como o nosso não faz parte do programa político do governador gaúcho."

Até porque, não serão os recursos prometidos à Ford que resolverão os problemas dos gaúchos na área social, como alega Dutra. Mesmo que por mágica esse dinheiro se multiplicasse por 10, certamente seria dilapidado num estado que gasta mais de 80% do que arrecada com sua folha de pagamentos. Em bom português: o episódio revela à perfeição o que se pode esperar de uma administração do PT quando colocada à frente de um estado economicamente desenvolvido. O preço é alto: como está constatando o Rio Grande do Sul, o radicalismo petista não se resume ao discurso. Longe de ser inofensivo, tem conseqüências práticas e desastrosas, afugentando empresas, ceifando empregos.

Para Fonseca e Silva, o qüiproquó com o governador Olívio Dutra é uma página virada para a Ford. Mas não o projeto Amazon. "O projeto está mais vivo do que nunca", afirma. Segundo ele, o projeto deverá encorpar ainda mais. Em vez de produzir 150 000 veículos por ano, a nova fábrica da Ford deverá montar 250 000.
(...)

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Matéria completa: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0688/m0048920.html

Um comentário:

Miriane disse...

Isso é um absurdo.Como os guaibenses podem eleger o sucessor do olívio dutra(com letra minúscula mesmo)para ser governador do estado? E se outra Ford tentar se instalar na cidade, ninguém duvide que tarso fará o mesmo que olívio, mandará milhares de empregos pro saco!